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terça-feira, 20 de maio de 2014

Godzilla - Crítica


A surpresa das pessoas ao descobrir que Godzilla é na verdade mais herói do que vilão do filme é tamanha que chega, para quem já conhece a franquia, a ser nostálgico ir assistir, mas os pontos bons do filme não passam disso para o segundo longa do novato Gareth Edwards (Monsters, 2010).
 

O longa tokusatsu que apareceu como o Pacific Rim de 2014 começa muito bem utilizando-se de plot twists ao apresentar uma série de fatos históricos relacionados à catastrofes imensas e relacionar com a trama do filme para deixar qualquer conspiracionista de sorriso aberto. Após essa introdução, Gareth Edwards mantém o bom nível ao nos mostrar, em menos quinze minutos, personagens tão interessantes e naturais como os de Cranston (como esperado) e sua mulher. Mas, após uma virada no filme e um elipse, a trama decaí imensamente e de forma abrupta. Descobrimos então que o humano protagonista da história é na verdade o forte e jovem soldado Ford, interpretado por Aaron Taylor-Johnson, filho de Joe (Bryan Cranston); e isso é um soco no estômago.
A intenção de Edwards de criar em Ford um paralelo de continuidade para a motivação de Joe é clara e interessante, mas não funciona. Isso se deve ao próprio protagonista humano escolhido para o filme, Ford Brody, que não consegue convencer em momento algum - nem nas cenas com a família, nem nas cenas como herói ao salvar uma criança de cair para a morte e muito menos como um Jack Bauer. Isso não se deve apenas à Taylor Johnson que, para falar a verdade, não convence de rosto, mas que, para falar a verdade novamente, não tem muito o que fazer com o roteiro do jeito que é. Quem rouba a cena mesmo é Ken Watanabe que mesmo depois de proferir o clássico "Gojira" ainda se mantém como o personagem mais interessante na tela. Porém, isso não é o bastante. Para piorar o filme conta com alguns erros de continuidade (como o cão aparecendo preso à uma árvore e, no corte seguinte, se solta quando um tsunami está prestes à arrasar o litoral) e muitas coincidências na história (como os pais do menino que Taylor-Johnson salva aparecerem coincidentemente no local onde ambos estavam).

O ponto positivo fica por conta do ótimo CGI (área essa pela qual Gareth Edwards tem apreço e envolvimento) que, em contraponto, podem não ser tão aproveitados para quem experiência o filme em 3D que é escuro e incômodo.

Um filme que não chega a ser um desperdício total, mas que podia ter sido mais. Com uma continuação já garantida, Edwards, se escalado para dirigir a sequencia, tem a chance de corrigir erros que cometeu nesse primeiro e aprimorar sua própria direção que se mostra interessante e autentica (vide a cena da ponte e a locomotiva em chamas e o salto de paraquedas em direção às bestas colossais).
Infelizmente, por ser um filme tão aguardado, Godzilla surpreende negativamente ao apresentar um roteiro cheio de falhas e personagens estáticos e duplamente ao mostrar que existia potencial e dedicação ao filme (principalmente ao notar o trabalho de direção de arte, o cuidado ao mistificar novamente o monstro mais famoso do cinema e à paixão de um diretor), mas que, por sua vez, perde espaço em meio à tantos erros.

Por: Danilo Silva

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