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domingo, 20 de abril de 2014

O Cinema Digital e a Nova Geração de Diretores

Por mais de cem anos a indústria cinematográfica usou a película como forma de captar as imagens para seus filmes. Porém, com a chegada das filmadoras digitais, antes mesmo de completar cem anos, a película cinematográfica ganhou um novo adversário; ou deveríamos dizer, uma sucessora.
Há muito burburinho e bocas tortas quando o assunto de substituição de película pelas filmadoras digitais é posto em pauta. A possibilidade de captar imagens por meio de filmadoras digitais começou a ser possível no final dos anos 60 quando a Sony adquiriu uma tecnologia que futuramente se tornaria a primeira filmadora digital. Algum tempo depois com, a popularização dessas câmeras, diretores amadores (e até mesmo um grupo de diretores já famosos) começaram a se interessar por esse novo advento tecnológico. A possibilidade de conseguir baixar o orçamento de um filme era tentadora e isso fez as câmeras digitais ganharem mais força ao longo dos anos. O diretor Lars Von Trier, o cinematógrafo Anthony Dod Mantle, o diretor George Lucas e posteriormente, mas não menos importante, o bem-sucedido James Cameron foram alguns dos nomes que deram vida ao cinema digital dentro de uma indústria pouco flexível.
George Lucas, o magnata diretor e roteirista por trás de Star Wars, é um grande defensor do cinema digital e acredita veemente que a pelicula chegou no seu auge e que a transição para o digital é necessária. 
David Lynch diz no documentário Side By Side - Can Film Survive Our Digital Future (2012) que filmar digitalmente é totalmente diferente e que chega a ser melhor. Ele diz: Você sabe que a película tem no máximo dez minutos e a maioria dos diretores nem chegam à isso, eles usam oito, nove minutos no máximo. Quando a película começa a rolar, há meio que uma sensação de que algo precioso está indo junto e isso coloca uma certa tensão nas coisas. Agora você pega um aparelhinho digital e você consegue gravar quarenta minutos, operar a câmera e falar com o ator, começando tudo de novo. E então eles (os atores) conseguem se aproximar e tem uma coisa que nunca seria captada com aqueles trambolhos de câmera.  


Cillian Murphy em Extermínio (2002)
Os britânicos Anthony Dod Mantle e Danny Boyle formam uma dupla que serve perfeitamente como exemplo para o que Lynch citou no documentário comentado anteriormente. Boyle, interessadíssimo como cinema digital, convida Mantle para trabalhar com ele em Extermínio (2002) e o cinematógrafo chegou a falar: Eu nunca vou ganhar um Oscar com isso.
Boyle sobre falta de tempo suficiente para gravar com o trafego interrompido em Londres e a decisão dele e de Mantle ao gravar:

Fizemos vários shots e de vários lugares diferentes e, no final, nós tínhamos muito material do Cillian numa Londres abandonada.

A dupla repetiu-se em outros filmes como 127 Horas, e Quem Quer Ser o Milionário; o segundo, este, o primeiro filme todo rodado em digital a levar o Oscar de melhor filme. Recentemente, Dod Mantle trabalhou em Rush - No Limite da Emoção com o diretor Ron Howard.


Pessoalmente falando, indo além das indústrias cinematográficas, dos grandes orçamentos e receitas, o cinema digital deve ser um fôlego para toda uma nova geração de diretores. Agora qualquer um pode fazer um filme. Lógico, existem filmes e filmes. Mas qualquer pode fazer. O cinema amador pode revelar mentes incríveis para o futuro e o cinema só tem a ganhar com isso. Muitos usam o argumento de que  essa popularização pode gerar muita coisa ruim, o que não é mentira. Mas essa popularização e facilidade dá a liberdade artística a qualquer um, é livre como tem que ser, e se vai ser apreciada por uma pessoa, ou pela massa geral, isso depende de cada projeto.
O recado para os novos diretores é: Qual o melhor jeito de contar sua história? Qual a melhor forma de capturar um momento? Essas, meus amigos, são perguntas que James Cameron se faz e que Hitchcock se fez durante toda sua vida de filmes.

Por: Danilo Silva

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