Após a recorrente fama de novidade que o cinema carregou até o século trinta, o cinema alcançou nessa mesma época a busca por temas mais próximos da realidade do espectador - não que já não o tivesse o feito antes, mas agora ele se destaca. Por incrível que pareça, falar do cinema realista é mais difícil que falar do surrealista, e isso deve-se pela alta detalhação e meticulosidade nas obras. O gênero que mais bebe nessa fonte é o drama que em sua maioria discute questões humanas como a busca por algo pessoal e intangível. Algumas pessoas interpretam o cinema realista erroneamente ao dizer que os finais são obrigatoriamente ruins daqueles que o mocinho não fica com a mocinha no final porque isso é inconcebível na realidade. Mas essa interpretação está errada. Não importa o quão uma situação possa parecer difícil de acontecer, deve ser considerado se isso é viável na vida real e o mocinho pode ficar com a mocinha se os dois estiverem vivos. É entendível essa interpretação por parte de algumas pessoas levando em conta que muitas buscam o cinema como um meio de escape da realidade que talvez não as satisfaçam, sendo assim, quando assistem um filme com o final triste, elas interpretem como cinema realista. Para melhor detalhação vamos aos filmes:
500 Days of Summer (2009) - Marc Webb |
500 Days of Summer é um exímio exemplo dos filmes que as pessoas pegam para cristo quando se trata de cinema realista. A melancólica interpretação de realidade do filme cria um efeito interessante e apaixonante de empatia pelo espectador, o tom pastel - quase sépia - da fotografia nos faz pensar estar vivendo um sonho tênue e tudo isso desmorona no final. A mudança é clara quando comparamos as cenas em que Gordon-Levitt está apaixonado com Deschanel e as últimas, em que os dois seguiram caminhos diferentes - o tom que antes evidenciava um delicioso sonho, agora nos entrega uma fotografia contrastante de tons escuros (como as de as roupas pretas e sociais de Gordon-Levitt e a cidade) e claros (como a natureza à volta e a beleza de Summer). Porém, apesar da separação do casal, o filme termina com o contentamento de Gordon-Levitt e a chance que ele dá à uma nova paixão. Pensando assim, o filme já não parece mais tão triste, e podemos ver agora uma intenção de mensagem: No fim, se der errado, vamos seguir em frente. E essa é a verdade, não importa se algo não deu certo, as pessoas seguem em frente, interpretem isso como uma coisa boa ou não.
Muitos consideram que Christopher Nolan viaja muito para ser considerado um diretor realista, mas não é bem por aí. Isso é evidente no seu alto cuidado com a meticulosidade de suas obras e a necessidade de explicar as ações de seus personagens. Após Inception (que o fez ganhar fama de diretor surrealista), Batman Begins, The Dark Knight e por fim The Dark Knight Rises botou em pauta se era realmente essa a característica mais presente e pretensiosa de suas obras. Apesar da trilogia de Batman ser sobre um super-herói, o filme cuida de temas como politica, segurança humana e, mais uma vez, sobre a auto-satisfação e bem estar do protagonista. Tudo isso é apresentado em filmes com pouco mais de duas horas de duração e uma fotografia escura e agressiva. Gotham é para o Batman de Nolan o que Nova York foi para Travis Bickle de Scorsese. A situação de Gotham na trilogia serve de metáfora à insegurança atual do subúrbios das grandes cidades do mundo, enquanto a high-society bebe martíni e vai a eventos sobre o futuro, a população restante sobrevive trabalhando e ficando fora de problema.
Catch Me If You Can (2002) - Steven Spielberg |
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