Craig Thompson é um cartonista americano nascido em Michigan, ao norte do país. Ganhador de premios como Eisner e o Harvey Awards, Thompson começou a fazer fama com Good-bye, Chunky Rice e logo depois lançou suas mais importantes publicações até agora: Blankets (Retalhos) e Habibi.
O cartonista, graphic novelist, e escritor cresceu junto a uma família cristã regida por um pai encanador e uma mãe que trabalhava hora como babá, hora como enfermeira particular em casas de pessoas enfermas. Tudo isso influenciou muito na obra de Thompson e qualquer um que tem contato com suas graphic novels ou seu blog percebe que seu método de trabalho é peculiar. Thompson tem grandes lacunas de tempo entre os lançamentos de suas graphic novels. É um artista perfeccionista e cuidadoso, como seus próprios fãs e a critica comenta. Os temas de suas histórias, em geral, giram em torno de conflitos de família e conflitos pessoais dos protagonistas que se baseiam em temas como amor, religião e amadurecimento.
A narrativa de Thompson é algo que não fica apenas no texto, afinal, ele faz quadrinhos. Suas páginas muitas das vezes não contém quase diálogos e nem ao menos muitas onomatopeias, a divisão e a separação de imagens nos quadros sobre a página constroem uma narrativa que lembra muito a narrativa cinematográfica. Isso fica entendível quando sabemos que Thompson já havia cogitado ser um animador.
Blankets - Retalhos - (2003):
Após Good-bye, Chunky Rice, Craig Thompson lançou Blankets, o que seria a história de sua juventude. É uma graphic novel grande de mais de quinhentas páginas cheias de memórias e desabafos do autor. É como se ele estivesse botando para fora aquilo que todos guardam no fundo da memória, disse um amigo meu ao ler a graphic novel. E é verdade. É uma história intima sobre amor, religião e conflitos familiares. Craig questiona a igreja e descreve como deixou de seguir sua igreja, mas não deixou de acreditar no que acreditava. Vemos como a infância pode ser repleta de bons momentos, mas é ao mesmo tempo uma época cruel e impiedosa de aprendizados e relações pessoais. O único erro de Thompson, se é que é possível apontar um em uma história tão intima, é ele ter deixado de segundo plano a relação com o irmão para explorar sua paixão adolescente com Raina.
Habibi (2011):
Após Blankets (2003), Craig Thompson lançou Carnet de Voyage (2004), mas não consegui adquirir a graphic novel até hoje. Apesar disso, Habibi é mais especial para mim e foi a graphic novel que me fez adotar Craig Thompson como um dos meus quadrinistas favoritos.
Em Habibi, Thompson numa discussão que até então ele havia apenas abordado de formas mais esquivas. Mas esse momento iria chegar uma hora ou outra para aquele homem que cresceu numa família cristã. Habibi é todo sobre religão, claro, é uma história de amor e afeto, mas discute de forma voraz e direta o que propõe. É uma história que todos têm que conhecer, disse para mim mesmo quando terminei. O final não é surpreendente porque toda a história é, mas é inexplicavelmente retribuidor ao leitor. É compensador. Os traços são fortes. A história pende entre a orgia e a pureza dos protagonistas. Os cenários são sujos e sempre repugnantes. E tudo isso combina com o contraste dos protagonistas, Dodola, a mulher branca e pura, e Zam, o menino negro e oprimido. Sexo e religião nunca conversaram tão bem.
Craig Thompson deixou sua cidade natal após passar um semestre na Milwaukee Institute of Art & Design e foi morar em Portland, Oregon. Ele ainda está em atividade e é detentor de quatro Harvey Awards, três Eisner Awards, e dois Ignatz Awards.
Já está trabalhando em sua próxima graphic novel que se chamará Space Dumplins e tem lançamento previsto para 2014.
Por: Danilo Silva
sábado, 14 de dezembro de 2013
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