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sábado, 10 de agosto de 2013

Pacific Rim - Critica


Del Toro é um grande conhecedor de criaturas enigmáticas e fantásticas do cinema, e além disso, ele é o criador de muitas delas. Desde Hellboy ao Fauno, Guilhermo Del Toro se provou como um apaixonado pelo que faz e isso é evidente em Pacific Rim (ou Circulo de Fogo) que estreou aqui no Brasil nessa última sexta-feira (09/08/13). 
Simples, porém robusto, o filme impressiona à primeira vista por dizer três ou quatro termos e literalmente cair na briga sem essa necessidade hollywoodiana de explicar tudo e mostrar o que o publico quer ver, (soco foguete) os famosos Jaegers estraçalhando os Kaijus. A trama é bem simples, a humanidade tem que lidar com monstros gigantescos que sairam de dentro de uma fenda no oceano e para isso foram desenvolvidos os Jaegers - robôs de batalhas gigantes. O robô é controlado em duplas (a não ser os chineses que agem em trio), e o controle é divido dando a cada pessoa um hemisfério do cérebro. É possível sentir o peso das toneladas e toneladas dos Jaegers e isso contribui muito para a sensação de dificuldade que os pilotos passam nas lutas. Os Kaijus também são impressionantes, tão nojentos quanto os aliens ridleyscotianos, eles lembram muito Godzilla e partindo daí uma série de monstros japoneses. 

É interessante como Del Toro resolveu não deixar você respirar durante o filme, além de destroços voando para todos os lados da tela, socos atordoantes, sangue azul dos Kaijus, os personagens são aprofundados durante as batalhas com flashbacks emocionantes (como se as lutas já não bastassem) o que oferece ao espectador a mesma perspectiva dos personagens descobrindo sobre uns aos outros. Idris Elba prova que evoluiu muito em seus últimos papéis e está em seu ápice, seu personagem, Stacker Pentecost, sustenta sua imagem de líder, mas mostra também seu lado paterno quando se trata de Mako Mori (personagem de Rinko Kikuchi) e porque não da segurança da humanidade. Porém, além de Mako Mori e seu trauma de infância e, pelo lado de Raleigh Becket (personagem de Charlie Hunnam) a perda do irmão em batalha, o filme para por aí, apesar dos flashbacks durante as batalhas e as consequências disso na trama, o roteiro não evidencia de forma que tome a frente da trama porque a função de fazê-lo está nas mãos dos conflitos que o mundo passa - afinal, é um filme sobre o futuro sobre a humanidade e o roteiro tenta evidenciar a todo momento o drama que é viver lutando contra algo imenso e que não tínhamos como controlar. O governo, claro, sempre lidera as frentes das decisões e com isso surge a resistência, liderada por Stacker, que após derrotas parou de ser financiado.


Os cenários são muito bem feitos. Prédios, mares e avenidas são socados, pisados e estraçalhados por Jaegers e Kaijus. O filme também nos entrega um clima quase que de Blade Runner com neons em placas com dizeres chineses e fumaça e mais fumaça; isso contrasta com a alta tecnologia nas ruas centrais e nas litorais criando a distinção entre o subúrbio perigoso (onde Hannibal Chau comanda sua gangue mercenária), a cidade (onde o governo tenta controlar a situação) e a resistência (onde pilotos experientes tentam combater as ameaças). O roteiro não entra em espirito nacionalista (nem teria com tantas homenagens ao cinema e TV orientais) e, apesar do principal Jaeger ser norte-americano, australianos e chineses dividem cena e são apresentados como um dos melhores do que fazem.
Pacific Rim é um filme muito bem dirigido e o 3D exigido pela Warner é bem executado com tiradas de objetos e placas na frente dos atores e prédios gigantescos para dar a sensação de duas camadas, e assim, a sensação de profundidade. O senso de escala impressiona também pelo imenso cuidado e meticulosidade, e é por isso que temos tantas e tantas imagens amplas de cenários para que possa ser enquadrado a ponte, o ocenano, o Jaeger, o Kaiju, e o prédio e assim termos uma (senão perfeita) boa ideia de tamanho dos gigantes. Apesar de ser bem simples, o roteiro se prova maduro e sucinto, com alívios nas horas certas e moderados (afinal, estamos falando do quase fim do mundo) e flashbacks que cortam toda a necessidade de minutos e minutos de envolvimento entre personagens (como no caso de Mako e Raleigh) para que o público pudesse engolir a repentina familiaridade e intimidade entre a dupla - isso é devido a genial desculpa do fluxo que torna o caminho de aprofundação de e entre personagens uma via de mão única. Após todo o show-off de efeitos especiais, é interessante sentir como o filme faz bem, e separando-se de filmes como Transformers, Avatar, Prometheus e tantos outros que prometem duas horas de um filme cheio de efeitos especiais e tramas épicas e no fim, só cumprem a primeira parte, Guilhermo Del Toro nos prometeu um filme sobre robôs gigantes lutando com monstros gigantes e tudo isso para salvar a humanidade (algo bem próximo do que a criança latina viu na TV a infancia inteira em Power Rangers, CyberCops, Jiraya e muitos outros), além de lembrar em certos momentos as estripulias de Michael Bay e até referenciar Evangelion, Pacific Rim nos entrega isso em pouco mais de duas horas preenchidas de destroços, socos, uma deliciosa ânsia por um beijo entre Raleigh e Mako, espadas e o já famoso soco foguete. Pacific Rim fugiu do estereótipo hollywoodiano de explicar tudo, e nos entregou um filme muito dificil de dar certo do jeito que deu, aquele em que você sabe que no final os robôs gigantes ganham, mas o que conta é como eles ganham (e soco foguete).



Por: Danilo Silva

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