De quantos filmes você
se lembra pela trilha sonora? Você sabe qual era a música tocando quando um de
seus personagens favoritos morreu em um seriado? Quantas cenas musicais
clássicas vêm na sua memória enquanto lê esse texto? É possível fazer um filme
sem trilha sonora?
Twist and Shout, na versão cantada pelos Beatles,
em Curtindo a Vida Adoidado
Uma pequena reflexão com
base nessas perguntas é o suficiente para entender a importância da música no
cinema e a TV. Esse fator, que para muitas pessoas passa despercebido, é
fundamental para aproximar mais a obra de quem a assiste, ampliando através do
som o sentimento interpretado na tela.
O tema composto por Bernard Herrmann para o filme Twisted Nerve, de 1968,
já apareceu em Kill Bill e American Horror Story
Desde os primórdios do
cinema, a música já era utilizada com esse fim. Porém, só a partir do final da
década de 20, graças aos avanços tecnológicos que facilitavam sua manipulação,
é que ela passaria a ser realmente tida como um fator importante, quando os produtores
começavam a utilizar trilhas feitas exclusivamente para a realização dos
filmes. A trilha sonora era um dos elementos principais e podia determinar o
sucesso comercial das produções.
O tempo passou e o
papel da música no cinema foi ficando cada vez mais significativo. Na década de
60, filmes musicais como Amor, Sublime Amor, My Fair Lady e A Noviça Rebelde
estavam entre os vencedores do Oscar de melhor filme. Hoje, é impossível falar
sobre qualidade musical no cinema sem lembrar-se de alguns filmes como “2001:
Uma Odisseia no Espaço”, “Kill Bill” e toda a trilogia “Senhor dos Anéis”.
O poema sinfônico Assim Falou Zaratustra, que aparece em
2001: Uma Odisseia no Espaço, foi composto pelo
alemão Richard Strauss e inspirado no livro homônimo de Nietzsche
Cinematograficamente, o
papel principal da música é transmitir de forma mais vívida para o espectador
as emoções sentidas pelos personagens ou contidas numa determinada cena, como o
pavor de uma vítima ao fugir do assassino, a felicidade de uma mulher que
encontra o homem de sua vida ou a psicodelia de um usuário de drogas. Sabemos
que a pessoa que corre do assassino sente medo e aflição apenas de olhar para a
tela, mas o som adequado trás esse medo até nossos ouvidos, de forma que
possamos também senti-lo, mesmo em um nível menor. Bem intercalada com as cenas
e utilizada nos momentos certos, a trilha nos aproxima dos personagens e pode
tornar quase palpáveis as situações vividas por eles.
E claro, como
indústria, a mídia também precisa da música como ferramenta de publicidade. A banda
que toca nos trailers já pode ser empolgante o suficiente para fazer o público
assistir os filmes. Um bom exemplo é a última adaptação de O Grande Gatsby, que
com certeza levou ao cinema alguns fãs de Lana del Rey, Beyoncé, Jay-Z ou
Florence and the Machine, que fazem parte da trilha sonora. Também é comum, principalmente
em séries de TV, quando bandas e cantores pouco conhecidos (ou que foram muito
conhecidos, só que em outra época) adquirem mais visibilidade e sucesso depois
que têm uma música utilizada em algum episódio. É o caso do Snow Patrol, que
foi apresentada a um novo público e ganhou bastante popularidade no mundo todo depois
que várias de suas músicas serviram de trilha para episódios de Grey’s Anatomy.
O mesmo pode ser dito de seriados como Glee, Supernatural, The OC, Gossip Girl,
Smallville, Skins, CSI, Cold Case, The Following e por aí vai. Até mesmo na TV
brasileira é possível perceber isso: é só prestar atenção em quantas pessoas se
vê cantarolando a música tema da mocinha protagonista da novela das oito.
A canção Chasing Cars, do Snow Patrol, ganhou muita popularidade
depois de aparecer no season finale da segunda
temporada de Grey's Anatomy, em 2006
A moral da história é
que, seja nos filmes, nas novelas ou nos seriados, a trilha sonora faz toda a
diferença. Trata-se de um dos pontos essenciais do cinema (e da TV) como arte.
Tristemente, ainda assim, é inevitável que muitos dos compositores responsáveis
por elas sejam completamente ignorados pelo público que quase sempre só dá
olhos aos atores principais.
Por: Matheus Souza
Por: Matheus Souza
0 comentários:
Postar um comentário