Pages

terça-feira, 23 de julho de 2013

A importância da trilha sonora

De quantos filmes você se lembra pela trilha sonora? Você sabe qual era a música tocando quando um de seus personagens favoritos morreu em um seriado? Quantas cenas musicais clássicas vêm na sua memória enquanto lê esse texto? É possível fazer um filme sem trilha sonora?

Twist and Shout, na versão cantada pelos Beatles,
 em Curtindo a Vida Adoidado

Uma pequena reflexão com base nessas perguntas é o suficiente para entender a importância da música no cinema e a TV. Esse fator, que para muitas pessoas passa despercebido, é fundamental para aproximar mais a obra de quem a assiste, ampliando através do som o sentimento interpretado na tela.

O tema composto por Bernard Herrmann para o filme Twisted Nerve, de 1968, 
já apareceu em Kill Bill e American Horror Story

Desde os primórdios do cinema, a música já era utilizada com esse fim. Porém, só a partir do final da década de 20, graças aos avanços tecnológicos que facilitavam sua manipulação, é que ela passaria a ser realmente tida como um fator importante, quando os produtores começavam a utilizar trilhas feitas exclusivamente para a realização dos filmes. A trilha sonora era um dos elementos principais e podia determinar o sucesso comercial das produções.

O tempo passou e o papel da música no cinema foi ficando cada vez mais significativo. Na década de 60, filmes musicais como Amor, Sublime Amor, My Fair Lady e A Noviça Rebelde estavam entre os vencedores do Oscar de melhor filme. Hoje, é impossível falar sobre qualidade musical no cinema sem lembrar-se de alguns filmes como “2001: Uma Odisseia no Espaço”, “Kill Bill” e toda a trilogia “Senhor dos Anéis”.

O poema sinfônico Assim Falou Zaratustra, que aparece em 
2001: Uma Odisseia no Espaço, foi composto pelo 
alemão Richard Strauss e inspirado no livro homônimo de Nietzsche

Cinematograficamente, o papel principal da música é transmitir de forma mais vívida para o espectador as emoções sentidas pelos personagens ou contidas numa determinada cena, como o pavor de uma vítima ao fugir do assassino, a felicidade de uma mulher que encontra o homem de sua vida ou a psicodelia de um usuário de drogas. Sabemos que a pessoa que corre do assassino sente medo e aflição apenas de olhar para a tela, mas o som adequado trás esse medo até nossos ouvidos, de forma que possamos também senti-lo, mesmo em um nível menor. Bem intercalada com as cenas e utilizada nos momentos certos, a trilha nos aproxima dos personagens e pode tornar quase palpáveis as situações vividas por eles.

E claro, como indústria, a mídia também precisa da música como ferramenta de publicidade. A banda que toca nos trailers já pode ser empolgante o suficiente para fazer o público assistir os filmes. Um bom exemplo é a última adaptação de O Grande Gatsby, que com certeza levou ao cinema alguns fãs de Lana del Rey, Beyoncé, Jay-Z ou Florence and the Machine, que fazem parte da trilha sonora. Também é comum, principalmente em séries de TV, quando bandas e cantores pouco conhecidos (ou que foram muito conhecidos, só que em outra época) adquirem mais visibilidade e sucesso depois que têm uma música utilizada em algum episódio. É o caso do Snow Patrol, que foi apresentada a um novo público e ganhou bastante popularidade no mundo todo depois que várias de suas músicas serviram de trilha para episódios de Grey’s Anatomy. O mesmo pode ser dito de seriados como Glee, Supernatural, The OC, Gossip Girl, Smallville, Skins, CSI, Cold Case, The Following e por aí vai. Até mesmo na TV brasileira é possível perceber isso: é só prestar atenção em quantas pessoas se vê cantarolando a música tema da mocinha protagonista da novela das oito.

A canção Chasing Cars, do Snow Patrol, ganhou muita popularidade 
depois de aparecer no season finale da segunda 
temporada de Grey's Anatomy, em 2006


A moral da história é que, seja nos filmes, nas novelas ou nos seriados, a trilha sonora faz toda a diferença. Trata-se de um dos pontos essenciais do cinema (e da TV) como arte. Tristemente, ainda assim, é inevitável que muitos dos compositores responsáveis por elas sejam completamente ignorados pelo público que quase sempre só dá olhos aos atores principais.

Por: Matheus Souza

0 comentários:

Postar um comentário