Queridinho, galã e pretendente à próximo George Clooney de Hollywood, Joseph Gordon-Levitt lança seu primeiro filme como diretor e roteirista. A premissa do filme é simples: Jon (Gordon-Levitt) é um pegador que foi apelidado pelos amigos como Don Jon, fazendo referencia à um Don Juan contemporâneo. Ele e os amigos saem à noite e avaliam as garotas de zero à "dice" e Don Jon sempre leva uma mulher diferente para sua cama, mas, como ele mesmo admite, nada é comparado ao pornô. Apesar de não admitir, o rapaz é viciado em pornografia e depois de encontrar a garota que ele e os amigos avaliam como "dice", Jon se encontra numa situação difícil porque o sexo com Barbara (Scarlett Johansson) não chega a ser tão bom quanto a pornografia que ele tanto admira.
O filme tem pontos muito interessantes e poderia até ter sido avaliado melhor se não fosse alguns pontos que irei citar agora. É muito interessante como Gordon-Levitt cria uma Nova Jersey caricata que casa perfeitamente com o seu personagem machão e bom vizinho que preza a família, a igreja (apesar de questiona-la), os amigos, e as mulheres. Porém, essa característica tão interessante é usada de forma amadora, o que faz as linhas do roteiro se perderem entre o drama e a comédia. Outra coisa muito interessante é a personagem de Scarlett Johansson que é a personagem mais machista nessa história, quando isso era esperado de Gordon-Levitt que, ao contrario dessa expectativa, mostra-se um homem conservador, porém não segue todos os valores da geração anterior da sua família (valores esses que ficam claros nas cenas hilárias com Tony Danza).
Ainda no roteiro, Gordon-Levitt tentou criticar a mídia e os comerciais jogando alguns teasers dessa intenção, o que não chegou a ficar obsoleto, mas não chegou atingir um ponto em que pudesse ser chamado de critica. E é assim que todo roteiro é. Meia-boca como diria alguns dos meus tios. Gordon-Levitt soube criar personagens interessantes, ambientação no estilo Os Sopranos, e piadas engraçadas.
"They give awards for porn too."
Brie Larson como Monica em Don Jon (2013) e Kevin Smith como Silent Bob em Clerks 2 (2006) |
A irmã de Jon, Monica (Brie Larson) chama atenção em cena por não dizer nada durante o filme, o que cria a expectativa de que alguma hora ela irá abrir a boca e dizer algumas verdades que irá iluminar a mente do protagonista. E sim, isso acontece. Atitude que lembra muito o personagem de Kevin Smith - Silent Bob - em Clerks. Mas chega a ser tão previsível que aquela garota pendurada em seu blackberry iria fazer isso que chega a ser chato ver a cena. É pretensioso e descuidado, o que torna uma cena que poderia ser criativa e poderia acrescentar um ponto bom ao filme, numa cena que todos já sabiam que iria acontecer.
Julianne Moore entra na história de forma simples, mas se revela uma personagem com potencial também. É nela que Gordon-Levitt encontra o prazer equivalente as suas horas e horas de pornografia, mas o que poderia ser o highlight do filme, acaba se tornando a grande decepção. Não há resolução no roteiro. O filme simplesmente acaba e você fica se perguntando "Ok, mas e agora? O que aconteceu? É isso?".
Parece ser uma grande metáfora para o verdadeiro orgasmo e é assim que o filme é construído - é construído para gerar um grande êxtase no final, mas o que realmente acontece é uma brochante fade out.
É assim que Don Jon acaba, brochante. Com pontos bons como a edição que cria um ritmo hilário para o filme com pontos que destacam piadas, mas com mancadas feias como o não encerramento de conflito, que fica evidente quando os créditos surgem, inesperadamente. Porém, para um primeiro filme, Gordon-Levitt mostrou que sabe escrever e sabe dirigir filmes de forma descente, apesar de ter muito o que aprender.
Por: Danilo Silva
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